quinta-feira, 28 de maio de 2015

Eu odeio minha vida

"Eu odeio minha vida". Esse é o primeiro pensamento que eu tenho ao sair da cama. Eu digo ao sair da cama e não ao acordar porque eu acordo e demoro horas pra sair da cama. De qualquer forma, esse pensamento é falso. Geralmente eu o tenho quando acordo antes do necessário. Nesses casos, minha manhã raramente ´´e produtiva e minha madrugada certamente não foi agradável.

De manhã é sempre silencioso e eu estou sozinha. Nunca sozinha. Sempre sozinha. Nunca sozinha. Eu não sei. "A solidão é triste e assusta." acho que esse é o pensamento geral, mas hoje eu aqui sozinha penso quão reconfortante pode ser estar sozinha, mas talvez só de manhã. 

Nessa manhã-madrugada estou sozinha, mas ironicamente me sinto bem. Mas apenas por estar sozinha, porque, como eu havia dito, hoje é um daqueles dias onde eu odeio minha vida: a manhã não será produtiva e, pode ter certeza, a madrugada não foi agradável.

Nessa manhã-madrugada o silêncio não ensurdece, não castiga. O silêncio acalma. 
Estranho.

Está escuro... não totalmente, afinal tem muitas luzes acesas, mas está escurecido. Acho que combina com meus pensamentos. Sobre eles... não quero falar deles. De manhã-madrugada eu não penso em nada, mas posso escrever um livro com tudo que penso. São aquelas vozes que não se calam. Elas também não me deixam dormir. E quem culpar além de mim mesma? Afinal, sou eu essas vozes. E elas não pronunciam palavras, mas como são altas. E me gritam. As vezes as entendo, traduzo. As  vezes as ignoro, então elas gritam mais.

Minha silenciosa manhã-madrugada é muito barulhenta. E calada. Agora, apenas os pássaros. Já está clareando. Minhas vozes estão sumindo e quem toma seus lugares são as palavras. Não todas. Mas aos poucos. Isso significa que minha manhã-madrugada está chegando ao fim. O café esfriando, o silêncio acabando, o escuro ascendendo. E eu ainda odeio minha vida. Que mentira.

- Anna Paula de Jesus Braz

Texto produzido dia 21/05/2015 as 06:55.